Venda da UFN-3 em Três Lagoas é confirmada após cinco anos de espera
Fábrica de fertilizantes estava com o canteiro de obras parado desde dezembro de 2014
TRÊS LAGOAS (MS) - A novela finalmente teve um fim. Após cinco longos anos de espera, finalmente a Petrobras conseguiu finalizar a venda da UFN-3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) em Três Lagoas para o grupo russo Acron. A oficialização do acordo entre o conglomerado europeu e a estatal brasileira deve ocorrer ainda neste mês. O projeto está parado desde 2014, mesmo estando com 83% das obras concluídas.
A confirmação aparece logo após a reunião decisiva entre os dirigentes da empresa com os representantes dos governos estadual e municipal, que ocorreu em 18 de julho, em Campo Grande (MS). O cronograma apresentado durante o encontro prevê que para a concretização do negócio bilionário (R$ 8,2 bilhões) a construção da fábrica deva recomeçar no primeiro semestre de 2020, e as operações estão programadas para ter início até 2024.
A obra da UFN-3 foi paralisada em dezembro de 2014, com 83% do empreendimento concluído, quando a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio responsável pela obra sob alegação de descumprimento de cláusulas. A cidade de Três Lagoas havia se preparado com grande expectativa para as obras, onde chegaram a trabalhar mais de três mil pessoas.
A rodada de negociações teve início na manhã de 18 de julho e seguiram até o final da tarde - FOTO: Reprodução Governo do Estado do MS.
Os representantes do grupo de credores da fábrica pretendem reaver o valor da dívida de cerca de R$ 120 milhões em valores que não foram honrados pelo fornecimento de produtos e serviços. A esperança é de que o grupo russo Acron possa assumir essas dívidas e ressarcir quem foi prejudicado.
A Petrobras não se manifestou sobre a venda, mas existe grande expectativa de que a informação seja confirmada no próximo balanço das vendas de ativos da empresa.
REUNIÃO DECISIVA
A reunião onde foram decididos os últimos detalhes para a venda da empresa aconteceu em julho de 2019, onde as partes relativas à Prefeitura de Três Lagoas e ao Estado de Mato Grosso do Sul ficaram praticamente resolvidas. A expectativa ficou então, com o Governo Federal, que seguiu as tratativas para que o convênio fosse fechado ainda em agosto. A Acron vai investir cerca de U$ 1 bilhão na aquisição da UFN-3.
Oficialmente o governo de Mato Grosso de Sul ou de Três Lagoas ainda não se manifestaram sobre a venda, como geralmente ocorre em negócios desta natureza. Isso se deve ao fato das autoridades do Executivo municipal e estadual aguardar o Mercado ser comunicado oficialmente sobre a venda, através da publicação do "fato relevante".
A autorização para a venda da unidade aconteceu em junho, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a liberação das negociações de subsidiárias de empresas públicas ou sociedades de economia mista sem autorização do Congresso ou licitação. Somente com o grupo russo, as negociações vinham acontecendo desde 2018, aguardando apenas o aval da Justiça.
ACRON E YPFB
A YPFB, uma empresa estatal de energia boliviana, firmou um acordo com o conglomerado russo para fornecer gás às unidades da empresa no Brasil, entre elas a fábrica de Três Lagoas. De acordo com informações da agência Reuters, além de se tornar fornecedora da Acron no Brasil, a YPFB também será sócia da empresa russa na UFN3, com uma fatia de 12% na fábrica e a opção de ampliar a participação para 30%.
Já o conglomerado russo Acron é uma sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de Moscou e de Londres. Em 2017 o volume de vendas da empresa atingiu mais de 7,3 milhões de toneladas, com receitas consolidadas de US$ 1,6 bilhão e Ebitda de US$ 511 milhões de acordo com o International Financial Reporting Standards.
Unidade da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil em Campo Grande - Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado
UFN-3
A construção da fábrica parou em dezembro de 2014, com 83% das obras concluídas, quando a estatal rompeu contrato com o consórcio até então responsável, composto pelas empresas Galvão Engenharia – denunciada na Lava-Jato – e Sinopec.
A fábrica de fertilizantes tem uma importância estratégica para MS, já que, assim que estiver em operação, passará a produzir e a exportar produtos que hoje são importados pelo agronegócio, além da geração de emprego e renda e da dinamização da economia local. De acordo com o Secretário de Desenvolvimento José Aparecido de Moraes, ao anunciar a retomada da finalização das obras da UFN 3, imediatamente serão gerados novos oito mil postos de trabalho.
A planta de fertilizantes nitrogenados tem capacidade de produção de 70 mil toneladas/ano de amônia e 1.223 mil toneladas/ano de ureia granulada. O complexo é composto por unidade de geração de hidrogênio, unidade de produção de amônia, unidade de produção de areia, de granulação, utilidades, áreas de estocagem e expedição. A gestão estima que o complexo vai gerar mil empregos diretos e aproximadamente 10 mil postos de trabalho indiretos.
Fonte: Rádio Caçula/Deyvid Santos
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