Dono de cervejaria que vai se instalar em Três Lagoas tem mandado de prisão expedido
Em investigação da Operação Lava Jato, Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em rancho de Santa Fé do Sul, pertencente ao empresário Cleber Faria, da Cervejaria Império. A embarcação que estava ancorada no Rio Tietê foi apreendida
A Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em duas cidades da região noroeste paulista, na manhã de ontem, 31, durante a 62ª fase da Operação Lava Jato. Uma lancha e documentos foram apreendidos.
De acordo com a Polícia Federal de Jales (SP), um mandado de busca e apreensão foi cumprido em um rancho de Santa Fé do Sul (SP), pertencente ao empresário Cleber Faria, dono da Cervejaria Império, que está em processo de instalação em Três Lagoas. A embarcação que estava ancorada no Rio Tietê foi apreendida.
Outros três mandados foram cumpridos no município de Fernandópolis (SP) contra Walter Faria, dono do grupo Petrópolis e sobrinho de Cleber.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na distribuidora de bebidas do grupo, um na casa da ex-mulher de Walter Faria e outro em uma mansão localizada em um condomínio de luxo. Documentos foram apreendidos e serão analisados pela Polícia Federal.
Ainda segundo a PF, contra Walter Faria existe um mandado de prisão preventiva expedido. Em relação a Cleber, há um mandado de prisão temporária. Ambos não foram presos, mas ainda não são considerados foragidos. Cleber está no exterior e deve voltar em alguns dias.
O Grupo Petrópolis informou que "seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes. Informa também que sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos".
INVESTIGAÇÃO
A 62ª fase da Operação Lava Jato, chamada de Rock City em referência ao nome Petrópolis, mira o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo Grupo Petrópolis, da marca de cerveja Itaipava.
O presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, não foi localizado.
De acordo com a PF, foram expedidos um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. Três pessoas haviam sido presas.
Segundo a investigação, o Grupo Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.
As investigações da Lava Jato envolvendo o Grupo Petrópolis remontam a 2016, quando uma planilha com nomes de políticos e referência à cerveja Itaipava foi achada na casa do executivo da construtora Odebrecht Benedicto Junior.
Segundo delação do executivo, a construtora utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014.
Em setembro de 2017, Walter Faria entregou à Polícia Federal planilhas com informações sobre repasses da empresa a políticos a pedido da Odebrecht. De acordo com os documentos, 255 doações foram realizadas somente nas campanhas de 2010 e de 2012, somando mais de R$ 68 milhões.
Além da Itaipava, o grupo Petrópolis é dono de marcas de cerveja como Crystal, Lokal e Petra, além do energético TNT. O grupo tem sete fábricas em cinco estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Mato Grosso.
LAVAGEM DE DINHEIRO
Segundo o Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quarta-feira, as investigações apontam que Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis atuaram na lavagem de cerca de R$ 329 milhões de reais em contas fora do Brasil.
Segundo a PF, estas doações resultaram em uma dívida de R$ 120 milhões da Odebrecht com a cervejaria. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.
Os investigadores apontam ainda que Faria usou o programa de repatriação de recursos de 2017 para trazer ao Brasil, de forma ilegal, R$ 1,4 bilhão que foram obtidos por meio do esquema.
ROCK CITY
Na operação Rock City, 120 policiais federais cumpriram um mandado de prisão preventiva, 5 mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. As ordens vieram da 13ª Vara Federal de Curitiba (Paraná).
Foram cumpridos mandados em Cassilândia (MS), Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo (SP), Cuiabá (MT), Petrópolis e Duque de Caxias (Rio de Janeiro) e Belo Horizonte (Minas Gerais).
Fonte: G1
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